Capítulo Extra - Advogado do Diabo (capítulo contado por Ana)
Todos dizem que sou mimada. Que sou egoísta, egocêntrica, que não aceito um "não" e faço muitas besteiras.
Eu não ligo que falem, até porque, as vezes, é tudo verdade.
O problema é que só sabem ver meus defeitos. "A Ana é fútil, a Ana é folgada, a Ana é fofoqueira..."
E ninguém vê o quanto eu dou carinho, atenção e sei aconselhar as pessoas. Além do que sou muito verdadeira e não fico desrespeitando ninguém.
Eu reconheço meus defeitos, mas acima de tudo sei das minhas qualidades.
Antes eu pensei que a única pessoa que via meu lado bom era eu mesma.
Bom, isso até eu conhecer o Guilherme. O primeiro bom menino que apareceu na minha vida.
Diferente do Eduardo, do Rogério e do Lucas (os outros relacionamentos que tive), o Guilherme era simplesmente bom.
Quando eu digo bom, não significa perfeito.Claro que não. Eu e ele cansamos de brigar por causa das crises de ciúmes e de egoísmo dele. O garoto tem defeitos como todos os seres humanos.
O "bom" que eu diga representa todas as vezes em que ele me carregou bêbada pra casa dele, me deu um banho gelado e me colocou para dormir com as roupas dele; ou quando eu solucei de tanto chorar no ombro dele, deixando a sua camiseta molhada; ou até quando ele me dava bronca por beber e usar alguma substância alucinógena.
O Guilherme se tornou a pessoa mais especial da minha vida. Ele cuidava de mim, ele me amava.
O que me dói é dizer tudo isso no passado.
Desde o começo o Guilherme não queria ir na festa da Bruna. Parecia que ele sabia que ia dar merda.
Eu fui pra casa dele umas duas horas antes da festa para passar o tempo, mas o menino estava tão desanimado que me irritou. Ele ficava dizendo: "Niiiina, esquece essa festa. Eu estou cansado, to afim de ficar aqui vendo um filme de boa." Então eu olhei pra ele com a pior cara que eu tinha e respondi "Se você quiser ficar, tudo bem. Eu vou sozinha."
Mas é óbvio que ele não deixaria eu ir em festa nenhuma sozinha. Ele dizia que tinha que ficar de olho em mim.
Então nós fomos. Lá, como sempre, nos separamos pra ele passar o tempo com os garotos e eu com as meninas.
O problema é que passar o tempo com as meninas significa beber. E beber muito.
Foi o que eu fiz. Conversa pra lá, conversa pra cá, cerveja, vodka, vinho, batida... Quando eu percebi (na verdade eu não percebi) já estava mais pra lá do que pra cá. Aí as meninas começaram a falar algo como largar o Guilherme e ficar com o João. Eu não entendia, porque João e Guilherme, para mim, eram a mesma pessoa. Só uns 15 minutos depois conversando sobre isso que eu entendi que se tratava do Joãozinho, meu vizinho e amigo de infância.
Claro que eu achei um absurdo.Eu não trairia o Guilherme com o João, por favor.
Se fosse o Daniel do terceiro colegial ainda ia. Brincadeirinha.
No fim das contas eu mal tinha percebido que o próprio Joãozinho estava do meu lado, rindo de tudo o que eu falava. Eu me lembro vagamente de ter visto ele chegar perto de mim, mas é tão vago que chega a ser cinza. Uma hora eu estava sóbria conversando sobre coisas femininas com as garotas e na outra eu estava totalmente bêbada, apoiada no Joãozinho.
Resumindo, eu não sei o que aconteceu. Eu nem me lembro de ter ficado com ele!
A única coisa que eu me lembro realmente foi de ver o rosto do Guilherme em meio a toda aquele borrão de lembranças. Lá estava ele com aquela cara furiosa de ciúmes que eu tanto amava.
Então eu sorri para ele, como eu sempre fazia quando percebia que ele estava com ciúmes.
O estranho é que ele não virou a cara com birra, para que eu o enchesse de beijos e pedisse desculpas. Ele... chorou(?).
E tudo ficou escuro. Ou assim me pareceu.
Eu acordei no outro dia na casa de uma amiga. Ela me contou tudo o que aconteceu e eu fiquei desesperada.
Corri para encontrar meu celular . Precisava me explicar para o Guilherme. Quando achei o aparelho, vi que tinham quatro mensagens não lidas.
Apenas uma era do Guilherme. Imaginei que seria um texto de xingamentos, mas eram 3 frases objetivas.
Tenho pena de você.
Mas tenho mais pena de mim por ter acreditado em você
Me esqueça, para mim você morreu.
Li umas quinze vezes a mensagem e a cada vez, doía mais.
Eu não tentei me explicar, eu não queria mais brigas.
Apaguei a mensagem e derrubei uma lágrima.
quarta-feira, 16 de março de 2011
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1 comentários:
UUUUUUUH, ficou massa! A Ana merece sofrer. u.u
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