quarta-feira, 1 de junho de 2011

Batata Frita e Sorvete - IX

Capítulo 9 - Pós-Ana


Havia algo me incomodando mas eu não sabia o que era. Estava dentro da minha mente e era intenso. Que diabos era aquilo?
Minhas pálpebras estavam pesadas, mas consegui abri-las depois de algum tempo. Primeiro estava tudo muito claro e, aos poucos, meus olhos se acostumaram e eu consegui definir cores, tamanhos e formas.
Azul bebê e plano. Isso, sem dúvidas, não era o teto do meu quarto. Olhei para os lados e encontrei pôsteres de vários famosos colados por todo o quarto. Não era meu quarto nem qualquer cômodo que eu conhecia.
Me coloquei sentado na cama e consegui descobrir o que me incomodava: uma forte dor de cabeça. 
-Gui, até que enfim! A gente precisa ir embora, daqui a pouco os pais da Gabi vão chegar e eles não podem nos encontrar aqui - eu nem tinha notado que havia mais alguém no quarto, até que aquele minúsculo corpo com roupas estranhas e o cabelo totalmente repicado se dirigiu à mim. Quem era aquela? 
Ela pareceu perceber minha confusão e veio até mim, subindo na cama e me dando um beijo casto. Depois sorriu e bagunçou meu cabelo.
-Não consegue se lembrar muito de ontem né? Você tava doidão mesmo! Mas bem... você foi muito legal comigo e fez coisas incríveis - a risada que ela deu depois me fez imaginar o quanto eu fui "incrível". 
Sorri meio torto para ela também. Eu não lembrava de nada incrível, só da galera do átrio e da quantidade de bebidas que eu ingeri. Mas se ela estava dizendo, quem era eu para negar? 
Levantei e coloquei minhas roupas, meio sem graça pois ela não tirava os olhos de mim. Depois arrumamos o  quarto da melhor maneira possível e fomos embora.
Ela me relembrou o nome dela (Ana Julia), contou brevemente dos acontecimentos da noite anterior e falou onde estávamos. Não era tão longe, com um ônibus eu poderia chegar em casa. Assim que vi o primeiro ponto, virei para me despedir dela, mas não deu muito certo. Ela disse que eu precisava de um banho porque exalava a muito álcool e não podia chegar em casa naquele estado.
Por que não? Eu poderia fazer coisas incríveis de novo haha.
Fui, tomei meu banho, ela passou um negócio em minhas roupas para amenizar o cheiro e eu estava novo em folha de novo. Ela morava só com o pai e a irmã mas ambos estavam em seus compromissos, então acabamos dando alguns amassos de novo. Sem sexo dessa vez. 
Foi bom, eu me sentia melhor. Pensar na Ana dava certo desconforto, mas nada que causasse dor. 
Todo o drama que eu causei nos dias anteriores parecia (e era) ridículo. Havia uma vida muito interessante pós-Ana.
Por que eu não percebi isso antes?

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