Já contei como eu conheci a Ana? Vou deixar claro que não foi algo romântico ou épico.
Eu estava namorando com a Paula, a garota das pernas malhadas. Era um namoro saudável, eu não era louco por ela e ela não morria de amores por mim.
Nós simplesmente nos dávamos bem, gostávamos das mesmas coisas e nos divertíamos juntos.
Totalmente diferente do meu namoro com a Ana.
Paula tinha faltado na escola no dia. Ela ficou doente de sei lá o que, não me lembro.
Tudo normal. Aulas insuportaveis, galera histérica pra ir pra casa, calor de rachar.
Estava jogando basquete na aula de Ed. Física e meu time ganhava com 4 pontos a mais. O sinal bateu anunciando o fim do período e a galera nem pensou duas vezes. Largamos o jogo, pegamos nossos pertences e saímos da quadra direto para o portão de saída.
Henrique, meu amigo desde a terceira série, pegou a bola -que era sua- e se empoleirou nas minhas costas.
-Vintão, meu irmão! - exclamou ele, alegre com o nosso placar.
Ri e tirei ele das minhas costas. O cara estava muito molhado.
-Sai dae, viado. Depois que tu tomar um banho a gente conversa de novo.
Ele sorriu e saiu correndo, batendo a bola no chão. Imbecil.
Nem me dei o trabalho de trocar de roupa. O que eu queria mesmo era um banho gelado e um prato de comida em casa. Saí da escola com o uniforme do time mesmo.
Do lado de fora do colégio estava lotado de gente, como sempre. O pessoal ficava conversando antes de ir embora. Henrique me deu um berro e antes que eu pudesse olhá-lo, algo redondo passou raspando pela minha cabeça e acertou um cara atrás de mim.
-Que porra...? - o cara era grandão e estava abraçado com uma ruiva baixinha. Ambos olharam espantados para mim. - Ficou maluco, meu irmão?
Henrique chegou rapidamente no local, vermelho de tanto rir. O cara tinha algum parafuso faltando, namoral.
-Relaxa ae, Ed.- ele disse para o garoto - Culpa minha. O idiota aqui - ele bateu no meu ombro - não pensa rápido.
Ponto pro Henrique. O tal do Ed era amigo dele. Briga evitada com sucesso.
-Eae Quiquei! - cumprimentou Ed batendo na mão de Henrique. Quiquei?
-Esse aqui é o Gui, meu parceiro perna-de-pau.
Ed estendeu a mão e eu a apertei.
-Não faça isso de novo, beleza? -risadas - Sou Eduardo. E essa é a Ana.
A ruiva também apertou minha mão, se divertindo com algo que eu não sabia. Talvez minha cara de alívio por não ter de enfrentear o monstrengo.
Desde então, vez ou outra o casal estava lá na frente do colégio. Ed conversava com a galera e Ana com suas amigas que estudavam no comigo. Aquelas insuportaveis, sabe? Na época elas gostavam de mim, um pouco. Eu ficava no meio da turma delas até que uma amizade cresceu entre mim e Ana.
Por fim, depois que a Paula terminou comigo por motivos naturais, Ana veio até o colégio ver um jogo nosso, sozinha. Ganhamos a partida, todo mundo veio nos abraçar e no meio daquela confusão toda eu a vi saltitando na minha direção. Eu estava tão feliz, tão eufórico que quando ela me abraçou eu a beijei.
E vocês pensam que ela me empurrou? Nada! Mesmo sendo comprometida e eu estando suado ela segurou minha nuca e retribuiu o beijo de uma forma muito animada.
Nos considerávamos amantes. Ela não largava o Ed e não abria a mão de ficar comigo às escondidas.
Eu? Pô, eu só queria me divertir. Aquilo era legal, sinceramente.
Mas, de uma simples ficante, ela passou a tomar conta dos meus horários e logo ela estava mais comigo do que com o Ed. Resultado? Ela o dispensou para ficar comigo.
E como conseqüência, futuramente, eu fui dispensado para ela ficar com outro.
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