sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Batata Frita e Sorvete IV

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Capítulo 4 - O Prancha

Quem me apresentou o João pela primeira vez, há dois meses atrás, foi a própria Ana. Ele era vizinho dela, amigos de uns bons anos. Por coincidência ou não, ele estudava comigo.
Antes de toda a merda acontecer, eu até gostava do João. É meu xará, dois anos mais novo que eu e uns 5 mais imaturo.
Como se a maioria das garotas se importassem com maturidade. Elas babavam no cara.
Com os seus míseros 1,67 de altura, João era um dos garotos mais disputados do colégio, pelo sexo feminino claro.
Tenho segurança o suficiente de minha masculinidade para concordar que o cara era realmente alguma coisa. Olhos de um tom verde-escuro, cabelos louros e meio compridos e a pele levemente bronzeada. Parecia um daqueles surfistinhas de filme americano.
Há duas semanas atrás ele ainda era o Prancha, como eu costumava chamá-lo. O baixinho metido a surfista que sempre vinha falar comigo nos intervalos de aula.
-Aê GJ! - era como ele me cumprimentava. Mesmo sabendo que meu nome era João Guilherme e não Guilherme João, o cara insistia em me chamar de GJ. Ele dizia que JG é estranho.
Eu achava muito gay essa frescura de apelido dele, mas acabei me acostumando.
-E aí Prancha - batia em sua mão pequena e bagunçava seu cabelo sedoso. Ele ria.
Nós conversávamos sobre algumas coisas, mas principalmente garotas. Eu ainda estava com a Ana, mas isso não me impedia de comentar as malhadas pernas da Paula, as grossas coxas da Clara, os enormes seios da Mariana e... a bunda epinada da Luíza.
Ele contava das garotas que ele já tinha ficado e como elas reagiam, o que falavam , se beijavam mal ou não, se eram tímidas ou atiradas... tudo. Eu dava muita risada. Como que um guri de 14 anos daquele pegava tanta mulher?
Era engraçado na época, até aquele charme nojento dele alcançar a minha mulher.
28 de agosto de 2009, festa na casa da Bruna, a galera inteira do colegial convidada.
Ia ser foda sem dúvidas. A Bruna sempre fazia festas e elas sempre eram boas.
Levei a Ana e a Ana levou duas amigas.
A noite estava quente e quando chegamos, a piscina da Bruna já estava lotada. Nos cantos já haviam casais e bêbados.
Chegávamos na melhor hora, pelo visto.
Ana foi cumprimentar suas amigas insuportaveis e eu fui trocar ideia com os caras. Peguei uma cerveja, ri das piadas toscas do Jorge e depois de um tempo tirei a camisa e entrei na piscina.
O Prancha estava lá também. O cara sempre colava nessas festas.
-Aê GJ! - sua franja loura e molhada estava quase escondendo seus olhos. Ele exalava muito álcool. Já vi que tinha de aguentar falatório de bêbado pirralho.
-Fala irmão - cumprimentei com uma leve batida em seu ombro.
-Peguei a Luíza, brother! - contou ele com um sorriso orgulhoso. Baguncei seu cabelo e ri. O garoto era mesmo um pegador.
-Opa, e não tá com ela por que?
-Bebi um pouco demais e acabei apertando a bunda dela. Com força - ele riu sem culpa.
-Ela te perdoa.
E perdoou mesmo. Depois de uns 10 minutos eu o vi agarrado com ela no meio da piscina.
Bebi mais uma cerveja e voltei para conversar com a galera de novo. Eu sempre deixava Ana livre para conversar com suas amigas nas festas. Ela estudava muito durante a semana e quase não tinha tempo para se divertir com as garotas.
Já estava na terceira lata quando senti vontade de ver ela um pouco. Haviam passado 3 horas desde que chegamos à festa e eu não a vi nenhuma vez sequer.
Ela não estava na piscina, nem na churrasqueira, nem na sala ou na cozinha. Achei umas de suas amigas e ela falou algo como "A Ana é uma cachorra" e deu risada. Uma risada com forte cheiro de álcool.
Bêbada do cacete.
Passei por ela e continuei procurando. Piscina, churrasqueira, sala, cozinha, jardim, banheiros.
E claro, faltavam os quartos. Ana sempre dizia que não curtia muito subir para os andares de cima em festas porque haviam bêbados tarados nas escadas, mas fui verificar mesmo assim.
Subi as escadas sentindo mãos passando pelo meu corpo. Não olhei de quem eram, apenas as afastei para que eu conseguisse subir.
Cheguei ao último degrau e olhei em volta. Tinha muita gente ali. Abri espaço pelo povo até que algo me parou.
Ela estava de shorts e a parte de cima do biquini. Seu cabelo ruivo estava molhado, assim como o do louro que a beijava. As pequenas mãos dele alisavam seus seios, barriga, cintura e quadril.
Eu pisquei uma. Duas. Três. Sete vezes para tentar enxergar direito a cena.
Ana estava aos amassos com o Prancha.
Senti meu estômago revirar e todo o meu corpo esquentar. Algo em mim estava estourando.
E me fez ficar sem limites. Abri espaço entre as pessoas que me rodeavam, sem me preocupar com a garota que eu derrubei ou a cotovelada que dei em um cara. Alguém me empeitou e várias pessoas começaram a me xingar. Todo o falatório tirou Ana e João do transe romântico. Ele olhou em volta para ver o motivo de tanta discussão e, ao me ver, seu queixo caiu e seus olhos ficaram do tamanho de bolas de golfe.
Ela apenas sorriu pra mim. Foi um sorriso cruel que me deu nojo.
Claro que eu nunca ia encostar um dedo nela. Minha mão fechada foi direto no olho esquerdo do louro e o fez cair no chão de primeira.
Ana gritou e se abaixou para ajudá-lo.
Falsa. Vulgar. Superficial. Vagabunda.
Eu dei as costas e ignorei a porção de palavrões dirigidos à mim. Empurrei todos que estavam na minha frente, chutei dois copos que estavam no chão fazendo ambos estourarem e nem me preocupei em pegar minha camiseta.
Saí de lá com um gosto amargo na boca. Ódio misturado com traição.
Ia ser um gosto difícil de esquecer.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Papai Noel Existe

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Qual foi o dia em que você parou de acreditar no papai noel? E por que parou?
"Ah, eu cresci. Óbvio que o papai noel não existe."
Essa é a resposta mais cretina que eu já ouvi.
Então quer dizer que crescemos e temos que deixar de acreditar nas coisas porque tudo se torna óbvio?
Bom, em minha opinião, não.
É claro (e não óbvio) que um velhinho barbudo de roupas vermelhas e quentes não vai viajar pelo mundo num trenó voador puxado por renas. Ok.
Mas isso não significa que um outro velhinho bondoso e barbudo não vá vestir roupas vermelhas e quentes, tirar fotos com crianças e dar presentes.
Muitos velhinhos bondosos fazem isso no natal e é exatamente o que os faz deles, papais noéis.
Agora quem disser o contrário, apanha.
Mentira.
Mas foi assim que eu convenci a minha sobrinha de que o papai noel existe. Fomos ao shopping e tinha um senhor vestido de papai noel. Ele conversou com ela e deixou que ela mexesse na barba dele, pra provar que era de verdade.
Resultado? Missão cumprida. Eu reavivei os sonhos de uma criança de 7 anos.
É isso que torna o natal mágico, acreditar nele.
Então você, ser humano crescido que já não crê em mais nada, só nas coisas que vê e ouve: feche os olhos por alguns minutos e coloque um fone no seu ouvido. Ouça uma música que gosta e deixe sua imaginação rolar.
Por algum tempo você vai ter que crer só no que sente e no que imagina. É assim que uma criança vive o tempo todo.
Esse é o segredo para nunca envelhecer. Acreditar, viver, sentir. Ser uma eterna criança.

Feliz Natal! Que todos os seus desejos (infantis ou não) se realizem. Sonhem e vivam bastante!


Obs: ser uma eterna criança não significa ser um eterno imaturo.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Batata Frita e Sorvete III

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Capítulo 3 - A Casa Abandonada


Eu estava nervoso e confuso. Meu estômago revirava. Todo esse tempo eu tentei pensar na Ana de uma forma diferente, nas horas felizes com ela. Então Priscila disse tudo o que eu não queria ouvir, toda a verdade nua e crua.
Doeu.
Passei a mão na minha nuca e senti a umidade morna do meu suor já molhando alguns fios do meu cabelo. Caminhei a passos rápidos para longe de minha sala de aula. Não tinha jeito de sair da escola agora, mas havia um lugar onde eu sempre ia para cabular aula.
O almoxarifado.
Tomei cuidado para que nenhum funcionário me visse e fui até meu refúgio secreto.
É, eu tinha sorte. O almoxarifado estava trancado, coisa que nunca acontece.
Esmurrei a porta para descontar minha raiva e saí de lá rapidamente, antes que fosse visto. O bom é que eu tinha um segundo refúgio, mas não era tão confiável: o banheiro dos funcionários. Nenhum funcionário na realidade o usava, porque não era uma das melhores coisas do mundo... Todos usavam secretamente o banheiro dos alunos.
Entrei sorrateiramente no banheiro e me tranquei numa das cabines. O forte cheiro de água sanitária invadiu minhas narinas e me deu vontade de espirrar, mas segurei.
Sentei no chão e coloquei a cabeça entre os joelhos para me acalmar. Eu estava quente, suado e, com o silêncio do banheiro, conseguia ouvir as batidas surdas do meu coração e a minha respiração acelerada.
Fechei os olhos e a primeira imagem que apareceu foi a de uma garota ruiva, sorridente e com uma covinha do lado esquerdo, única e charmosa.


O sítio do meu avô era um dos lugares que eu mais gostava. Mesmo se não tivesse o lago ou os cavalos, eu continuaria amando estar lá. Deitado na grama de noite, vendo as milhares de estrelas no céu. Onde eu morava apareciam no máximo umas três. Aquilo ali parecia magia.
"Sinto ciúmes das estrelas" resmungou uma voz fina e meio infantil ao meu lado.
Sorri com a seriedade daquela frase. Ana era realmente capaz de sentir ciúmes das estrelas, caso ela ache que estou dando mais atenção à elas. 
Virei a cabeça para olhar a ruiva mimada, que estava sentada olhando o céu com um biquinho insatisfeito.
"Seu ciúmes é desnecessário, sabe por que?" me sentei e aproximei meu rosto do de Ana.
Ela me olhou e segurou o riso, para ainda parecer chateada. "Por que?" resmungou.
"Porque eu poderia passar horas te olhando também e seria tão bom quanto." Seu sorriso finalmente apareceu juntamente com a covinha. (Como eu amava aquela covinha!) E seus lábios encostaram nos meus. Sua boca estava fria e me assustei ao tocá-la, mas não recuei. Segurei seu rosto entre minhas mãos e senti seus dedos acariciarem meu cabelo. Ela riu e me empurrou para trás, caindo em cima de mim.
"Eu te amo." foi o que ela disse antes de me dar mais um beijo, um pouco menos frio.
Peguei uma mecha de seu cabelo e coloquei atrás de sua orelha. Olhei em seus olhos por alguns segundos enquanto acariciava seu rosto de leve.
"Até hoje, não amei ninguém assim. Sério, Guilherme, eu te amo muito." continuávamos nos olhando. Era um momento único e que eu não queria que nunca acabasse.
"Eu também." e foi o suficiente para que nós não suportássemos mais a distância entre nossos lábios.
Seu corpo estava quente e na posição em que estávamos eu podia sentir seu coração batendo contra o meu peito. Era uma sensação muito boa e fez com que eu colocasse a mão em suas costas para que pudesse senti-la melhor. Ela reagiu com uma leve mordida em minha boca e recuou.
"Chega, né? Não queremos passar dos limites." disse ela com ar de riso.
Eu discordei. "Que limites?" Tirei-a de cima de mim para me levantar. Peguei sua mão e levantei-a também. "Não temos limites, somos só nós dois."
Achei que ela discordaria na hora, mas ela simplesmente mordeu seu lábio inferior e me encarou séria. Então aquele beijo fora algo mais para nós dois. 
"A casa abandonada" sussurrei para ela, apertando sua mão para lhe dar confiança. 
A casa abandonada era a antiga residência do meu avô, que depois virou a do caseiro e agora é uma cabana cheia de velharias. 
"Ninguém vai ver?" ela perguntou, com a voz meio trêmula. Meu corpo esquentou de ansiedade.
"Seremos só eu e você." prometi
Sua mão apertou a minha com concordância. A felicidade invadiu meu corpo e a beijei, segurando sua nuca com uma intensidade totalmente nova.
E eu mal vi como e quando chegamos a cabana. Só lembro de lá estar quente e empoeirado...


-Aí cara, tá mal do intestino é? - perguntou algum garoto do lado de fora da cabine.
Levantei a cabeça, deixando para trás meu melhor devaneio e respondi:
-Não.
Vendo que meu sossego havia acabado, levantei a abri a porta da cabine. O garoto que me chamara estava lavando as mãos. Pude ver seu rosto pelo espelho a sua frente e então meu estômago revirou de novo.
Era o João, o cara por quem Ana me trocara.







domingo, 12 de dezembro de 2010

Férias

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Adeus, escola! Adeus trabalhos! Morram, provas '-'

Olá queridos furões.
Bom, provavelmente vocês já estão de férias, certo?
Não estão? Problema de vocês, eu estou.

As férias são as melhores coisas que alguém já inventou na história do mundo. E ainda há pessoas que discordam.
Bom, ou elas são solitárias, ou nerds, ou apaixonadas por um professor do colégio ou... bom, não sei.
Eu, sinceramente amo as férias. Dormir e acordar tarde, quase 0 de responsabilidade, viajar, ouvir musica alta, comer doces, sair com a galera, encher o saco da vó ...
São dois rápidos e deliciosos meses que incluem o natal (muita comida e presentes) e o ano novo (champagne, roupas brancas, fogos na praia) e para os que gostam de prolongar, o carnaval (axé, samba, trio elétrico e muita pegação).
Aproveitei esses momentos com a família e os amigos pois são rápidos, maravilhosos e únicos. E principalmente, não voltam mais. Apenas repetem, no outro ano de uma forma diferente.

Lila vos deseja boas festas, descanso e muito agito na vidinha medíocre de vocês.
Brincadeira :*

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Realmente, rs

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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Batata Frita e Sorvete II

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Capítulo 2 - Zumbi


10.09.2009 07:26
-Gui. Gui... Guiiii
A voz levemente infantil me tirou da inconsciência com tanta rapidez que me assustou. Quando percebi já estava sentado. Minha irmã mais nova, Nicole me encarava meio sobressaltada.
-Desculpe - disse ela em voz baixa - não queria te assustar.
-Tá. Tá, beleza - respondi, com a respiração meio irregular. Olhei o relógio de parede e vi que já era de manhã e eu estava bem atrasado para a aula.
-A mamãe disse que você pode faltar no colégio hoje, mas te chamei porque esse sofá não é uma boa cama.Vai te deixar cacunda.
Nicole tinha a cara de quem dizia a coisa mais séria do mundo. Afaguei seu cabelo, tão preto quanto o meu e agradeci.
-Tenho prova hoje, não posso faltar. E você?
-Er... eu estudo a tarde, lembra?
Ela estava certa. Minha cabeça anda pior do que imaginava. Dei a ela uma tentativa de sorriso animador e fui me arrumar as pressas.

Nada poderia ser pior do que escola depois de tudo o que aconteceu. Eu, literalmente me sentia um zumbi enquanto assistia as aulas. Estava no fundo da classe, de capuz ouvindo um rock qualquer enquanto o professor de física explicava alguma  coisa. Mesmo se eu quisesse prestar atenção, não adiantaria. Física é foda.
Senti um leve cutucão no braço direito. Olhei para o lado e lá estava a Pri: séria e de braços cruzados.
A Priscila é minha amiga desde os tempos do primário. Brava que só, mas é como uma irmã pra mim.
-O que foi? - sussurrei.
-Me dê seu caderno - disse ela entredentes.
-O que?
Pri pegou o caderno da minha mesa antes que eu caísse a ficha. Tirou de dentro dele a foto que eu secretamente olhava desde o início da aula. Era Ana mandando um beijo. Fui eu quem tirara a foto e desde então guardava no meu caderno.
-Ela está te adoecendo - disse Pri, ainda séria.
Tentei tirar a foto da mão dela e o professor me notou.
-Algum problema, João Guilherme?
30 cabeças voltaram-se pra mim. Em silêncio total.
Olhei carrancudo para Priscila e anunciei para o resto da sala:
-Não, professor. Foi mal.
-Foi péssimo, mas continuemos classe... Ah, a fóruma exata é st½  = ß² ...
Esperei que todos virassem novamente para a frente para falar com minha amiga.
-É sério, devolva - pedi, sem paciência. Aquela foto valia muito pra mim.
Ela colocou a foto atrás das costas e continuou me encarando.
-Esquece ela.
-Não. Me dê a foto.
-Guilherme, ela te traiu! Na sua frente! Humilhou você e terminou tudo. Ela me dá nojo e me mata ver você assim por causa dela.
Era tudo verdade, mas eu não aceitava. Levantei da minha mesa e saí da sala sem pedir permissão.












quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A FORMA ME LEVOU!

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Esse post é inteiramente e exclusivamente para agradecer a galera da forma turismo e o povo que foi comigo para o Club Med.
É, realmente foi a melhor viagem da minha vida e eu ainda não tirei a pulseira só pra fingir que ainda estou lá.
Sinto falta da COMIDA, da piscina, da galera, dos monitores, da cama e de me arrumar todo dia para a festa.
"Nós somos a estrelinha da mamãe!" HAHAHA
"A gente vai tá te ligando, tá?"
"Olha, eu tava vindo pra cá e vi um lagarto (...)"
"AMIGÃO EI , AMIGÃO! SAI DAÍ! A PISCINA TA FECHADA!"

O que foi bom, ficou.