sábado, 29 de janeiro de 2011

Batata Frita e Sorvete VI

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Capítulo 6 - Tudo que Vai, Volta.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

I Like the Way it Hurts

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"Eu já me apaixonei.
E não foi uma vez só.
Posso descrever detalhadamente como minhas mãos suavam quando eu estava perto da pessoa de quem eu gostava. Como eu gaguejava, sorria, piscava várias vezes, sentia o coração disparar, ficava vermelha, suspirava quando ele falava algo fofo.
Eu sei exatamente o que é isso e não posso dizer que é ruim.
Mesmo quando não é recíproco, confesso que em alguns momentos eu amo me apaixonar. Mesmo que isso me cause dor."


"Eu estou apaixonada de novo, mas dessa vez eu extrapolei. Me apaixonei por alguém que eu realmente não poderia me apaixonar , alguém totalmente fora do meu alcance.
Alguém que, desde que conheci estava escrito em sua testa: NÃO SOU SEU E NUNCA SEREI.
E quem disse que eu aceitei isso? Sou teimosa, sou masoquista. 
Eu insisti em algo sem futuro, algo que seria bom enquanto durasse mas que duraria muito pouco.
Por que eu fiz isso? Porque ao mesmo tempo que eu sabia que causaria dor pra mim depois, eu também sabia que seria muito bom em alguns momentos. Que eu iria sorrir apenas por lembrar do rosto dele, apenas por repassar suas palavras na mente.
Eu ia suspirar quando ele viesse falar comigo e meu coração iria inflar até apertar meu peito quando ele dissesse algo como "eu te amo".
E ele disse, mas quando eu mal percebi ele me deu as costas.
Isso era óbvio, eu sabia que esse dia chegaria, sempre soube.
Magoei a ele e, conseqüentemente eu o perdi.
Me revoltei? Sim. Chorei? Sim. Pedi para voltar no tempo? SIM!
Se isso aconteceu, foi por teimosia minha.
Mas vou contar algo: se não fosse pela minha teimosia, ele nunca teria estado em meus braços, mesmo que por pouco tempo, eu nunca teria tido a chance de ouví-lo dizer que me ama e nunca ia conhecê-lo como conheci.
Então agradeço a minha falta de amor próprio.
E peço perdão à quem eu magoei e tanto amo.
No momento? É, eu penso nele. Sempre. E sei que logo ele estará com outra. A vida anda.
Enquanto isso não acontece, eu posso suspirar com as lembranças e sentir falta do passado


E posso contar um segredo? Eu acho que sou masoquista mesmo. Eu gosto de sentir o famoso ciúmes e aquela raiva louca de ter perdido-o para outra.
É porque mesmo ele não sendo meu, tenho seu sorriso em minha memória"




C.



terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Batata Frita e Sorvete V

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Capítulo 5 - Bater é Melhor do que Sentir Dor

Por uma fração louca de segundo eu senti pena do Prancha: seu olho direito estava inchado e caído com uma enorme mancha preta o cobrindo. O soco que eu dera fora realmente certeiro e mesmo depois de duas semanas o hematoma ainda era bem visível.
Mas as lembranças me voltaram como facadas e a pena se transformou em raiva. Me segurei para não ir até ele e acertar seu outro olho.
Antes que eu pudesse sair do banheiro, João levantou os olhos e me encontrou pelo reflexo do espelho. Sua primeira reação foi choque que se transformou em medo e por último em ... pena? Ele me olhou como se eu estivesse doente e que ele tivesse culpa naquilo.
Aquilo me enfureceu mas eu não ia cometer mais erros, não ia bater no garoto. Desviei meus olhos dele e saí do banheiro em silêncio.
-GJ... - chamou ele com a voz fraca.
Como ele ainda tinha a cara de pau de me chamar assim? Fingi que não ouvi nada e continuei andando.
-Ei, GJ - dessa vez ele chamou com mais força e não tinha como fingir que eu não escutara.
Virei e olhei para ele como se ele fosse insano ou algo do tipo. Ele piscou algumas vezes e gaguejou:
-Er, G-Guilherme... cara, a gente precisa conversar.
-Não precisamos - respondi e dei as costas.
Uma de suas mãos tocou meu ombro.
-Cara, nós precisamos.
Ele era uma criança, mesmo. Achava que tudo era um jogo e que só porque eu tinha perdido, ele tinha que se desculpar. Me virei e cruzei os braços. Esperei pela ladainha.
Ele respirou fundo e começou a falar:
-Olha, eu desde sempre gostei da Ana. Toda a galera queria que nós ficássemos juntos, mas ela te conheceu e acabou não rolando. Na festa nós dois estávamos bêbados, foi um deslize... mas aquilo já estava marcado pra acontecer. A gente se gosta, GJ... er, Guilherme. Eu só queria que você soubesse.
"A gente se gosta" que porra de frase era aquela? Ele estava me avisando que agora os dois seriam felizes juntos, que eu tinha de aceitar e agora apertar a mão dele?
Eu não raciocinei, não mastiguei as palavras direito. Apenas fiquei imaginando os dois juntos e todas aquelas amigas da Ana que me odiavam, aplaudindo o novo namoro deles. Como ele fora falso, como ele era cara de pau!
Parece que ele percebeu meu estado de humor havia mudado porque sua expressão ficou meio assustada e ele piscou várias vezes. Mas não dei chance que ele falasse mais nada. Seguei a gola de sua camisa e o puxei um pouco para cima, aproximando seu rosto infantil extremamente assustado do meu.
-Escuta, João - falei bem devagar - por mim, agora você pode comer a Ana, casar com ela , fazer filhos nela. Engula a garota mas, por favor, me deixa em paz.
Soltei sua camisa e respirei algumas vezes para me acalmar. Não funcionou.
Só me acalmei quando eu acertei um golpe mal feito na sua bochecha. Ele caiu no chão e cobriu o rosto.
-Na festa eu te bati por ter beijado ela, hoje foi por ter roubado-a de mim.
É, no fim das contas eu me senti culpado por ter batido no garoto, mas o pior foi a monitora ter visto tudo e contado à diretoria.
Resultado? Suspensão de 4 dias por vadiagem, agressão física e desrespeito ao professor. Só porque eu saí da aula dele sem permissão.
Quando eu voltei para a sala para recolher minhas coisas a galera inteira ficou me encarando, mas graças a Deus o professor me ignorou e continou com a explicação. A Pri me olhou sem entender e fez aquela cara de "me explica, agora" mas eu a ignorei, peguei minha mochila e saí da sala.
Já estava com o bilhete enorme de suspensão e a autorização para sair do colégio, só precisava ir até a secretaria para que eles me liberassem.
A secretária estava ocupada com alguns papéis e pediu para que eu esperasse. Sentei em uma das cadeiras dali e mal reparei quem estava do meu lado.
-Saída antecipada? - disse a voz infantil e suave ao meu lado.
Olhei sem muito ânimo e me deparei com a Clara. A tal que o João sempre comentava dos seios. Quase ri das lembranças dele encarando a garota e fazendo comentários desconfortáveis para qualquer garota.
Clara sorria gentilmente. Não parecia a par da minha situação. Tentei retribuir o sorriso.
-Er.. suspensão - respondi, mostrando-lhe o papel.
Seus olhos castanhos aumentaram e ela de repente ficou preocupada.
- O que houve?
Achei estranho o interesse da garota. Estudávamos juntos mas nunca conversamos muito.
-Eu... bati em um garoto - eu disse. - E você?
Ela riu.
-Não bati em ninguém, mas estou morrendo de dor e vou para casa.
Ela não parecia com dor. Bom, ela estava meio pálida e suas mãos envolviam sua barriga de uma forma estranha mas seu rosto estava calmo e gentil. Que mina estranha.
Eu ri também, por incrível que pareça.
-Que pena, bater é mais legal que sentir dor - brinquei.
-Concordo.
-Clara Levoni, sua autorização - anunciou a secretária.
Ela sorriu novamente e passou a mão de uma forma amigável no meu cabelo.
-Até, Guilherme. Você vai passar por isso, não esquenta.
Eu não entendi nada e só sorri como resposta.
A verdade é que aquilo não me importava.
Nada importava mais.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

If I Were a Boy

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Eu nunca gostei muito de bonecas e tinha pavor do rosa aos 10 anos.
Sempre quis um carrinho de controle remoto e não uma boneca que abria e fechava as pálpebras.
Por que o batman era mais legal que a barbie?
Por que torciam o nariz quando eu pedia um jogo de video game ao invés de uma casa da Polly?
É claro que eu sabia a resposta: eu era uma garota que não gostava de coisas de garota.
Geralmente garotas pequenas amam tudo rosa, barbies, pollys, bonecas, casa de bonecas, carrinho de bebê e coisas do tipo.
Por que eu era diferente?
Quando fui para a primeira série, andava com os meninos, brincava de beyblade, trocava tazos e batia cards.
As garotas da minha sala? Eu as achava falsas, frescas e enjoadas.
E eu pensava: por que eu não nasci menino?
Cresci um pouco mais e comecei a me encaixar no sexo feminino. Passei a gostar de vestidos, saltos, maquiagem, romances melosos, ter amigas e babar em caras tipo Ian Somerhalder.
Mas até hoje eu amo usar bonés para trás, andar de skate, falar gírias, palavrão, ser imatura e ser um moleque.
Por que não? Eu posso muito bem me maquiar para andar de skate ou usar boné com salto no pé.
Agora entendi porque nasci garota. Se eu fosse homem como ia suspirar ao ver a atuação do Ian? Como ia poder babar em barrigas e oblíquos dos caras que caminham na praia?
E acima de tudo, agora eu gosto de ser assim.